Ator fala sobre paixão pela arte, espiritualidade e expõe questões íntimas em Jim Carrey: I Needed Color, dirigido por produtor executivo de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.
"Eu não sei o que a pintura me ensinou. Eu sei que ela me libertou", confessa Jim Carrey com uma fala pausada e um tom de voz incrivelmente sóbrio. A seriedade de suas palavras traz um contraste interessante quando se considera o quanto a carreira e a persona do ator foram associadas a um humor extravagante ao longo de décadas — vide O Máskara, Ace Ventura - Um Detetive Diferente e Debi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros.
Há anos sem estrelar uma produção cinematográfica que espelhe o sucesso de seu auge em Hollywood, Carrey tem devotado seu tempo para outra arte que, em suas palavras, o "libertou do futuro, libertou do passado, libertou dos arrependimentos, libertou das preocupações."
Há três semanas o ator foi tema do curta-metagem documental Jim Carrey: I Needed Color, dirigido por David Bushell, que trabalhou como produtor executivo do clássico moderno Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004), um dos principais trabalhos dramáticos da carreira de Carrey (outro destaque nessa seara foi o drama distópico O Show de Truman, de 1998). O ator diz que começou a pintar há seis anos, após dedicar um tempo para refletir num dia cinzento de inverno em Nova York no qual ele chegou à conclusão de que "precisava" de cores — daí veio o título do mini doc de seis minutos.
Em I Needed Color a câmera de Bushell percorre as multicoloridas obras de Carrey enquanto ele, à vontade, divaga sobre sua vida pessoal e expõe até algumas de suas esculturas. O artista fala sobre sua obesessão pela pintura e mostra como todas as paredes de seu apartamento foram tomadas pela arte. "Você consegue saber o que eu amo pela cor dos quadros. Você consegue saber minha vida pessoal e meu lado sombrio em alguns deles. Você consegue dizer o que eu quero por causa do briho de alguns quadros", conta.
No vídeo, o ator de 55 anos de idade diz que quando era criança, passava a maior parte de seu tempo na sala se apresentando para pessoas e a outra metade no seu quarto, sozinho, escrevendo poesias e desenhando. "Eu não era o tipo de criança mandavam para o quarto como punição porque meu quarto era o paraíso para mim. Meu isolamento é bem vindo." O retorno do interesse pelas artes visuais se deu quando ele queria curar "um coração partido". Em alguns momentos do curta, Carrey ainda divaga sobre a natureza do amor, sobre a atmosfera de uma paixão e sobre "flutuar" em um sentimento.
Entre a new age e a música ambiente, a trilha sonora de Dave Palmer evoca um clima meditativo e não demora até o ator começar a discorrer sobre espiritualidade. Ao falar sobre os retratos multi-raciais que faz de Jesus Cristo, o ator filosofa: "A energia que rodeia Jesus é elétrica. Eu não sei se Jesus é real. Eu não sei se ele viveu. Eu não sei o que ele significa. Mas as pinturas de Jesus são meu desejo real de transmitir uma consciência de Cristo. Eu quero que você sinta, quando olha em seus olhos, que ele está aceitando você como você é."
Ao final, Carrey resume seus esforços artísticos como ator, pintor e escultor em uma palavra: Amor. "Nós queremos nos mostrar e ser aceitos. Eu amo estar vivo e a arte é uma evidência disso."
Na última segunda-feira (7), o vídeo, publicado na plataforma Vimeo, explodiu em popularidade quando LeBron James, astro da NBA (e ator de Descompensada), compartilhou um link com o documentário em seu perfil no Twitter e manifestou sua admiração pela nova faceta do astro. "Isso é incrível. Eu não fazia ideia. Trabalho inacreditável, Jim Carrey. Eu adoraria ver alguns dos seus trabalhos pessoalmente um dia! Amo arte." Até o fechamento desta notícia, o vídeo contava com 2,5 milhões de visualizações.
O último filme estrelado por Carrey a chegar aos cinemas foi Debi & Lóide 2, que foi detonado pela crítica especializada, mas arrecadou US$ 169 milhões no mundo inteiro com base em um orçamento de U$ 40 milhões. O ator tem dois filmes ainda inéditos no Brasil em sua filmografia. Um deles é o sci-fi romântico e distópico sobre uma comunidade canibal intitulado The Bad Batch. O filme conta com a direção e roteiro de Ana Lily Amirpour e traz Jason Momoa, Keanu Reeves e Diego Luna no elenco. Outro trabalho do ator que ainda não chegou às telonas é o drama/thriller True Crimes, de Alexandros Avranas, que acompanha a investigação de um assassinato e conta com Charlotte Gainsbourg no elenco.
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